- Lais Locatelli

- 10 ago 2016
- 1 Min. de lectura
Sempre fui viciada em paixões. Uma atrás da outra, uma por cima da outra, outras entrelaçadas. O amor sempre me pareceu monótono: Quiçá por isso eu preferisse a paixão.
Estranhamente, às vezes, a paixão me dá um tempo. Tempo necessário para eu não surtar de verdade. Esse lapso temporal é uma esquisitice total. É uma tranquilidade linear e um vazio infinito. Um vácuo.
Imagina escutar uma música romântica e não sentir a pele arrepiar – nem o coração doer. Durante esses lapsos temporais de ausência de paixão, nem sequer escuto a música de fato, ela vai tocando sem me tocar.
Mas, quando percebo a música, quando paro para escutar a letra, dá um branco: não há quem colocar naquela letra melosa.
A paixão é um vício espetacular. A não paixão é um estado zen, umas férias para as lágrimas.
Sem saudade. Sem angústia. Sem transformar algum outro em depósito de expectativas. Sem emoção também. Sem um infinito de coisas, mas, ao mesmo tempo, cheio de coisas espetaculares que só quem não sofre por paixão pode experimentar.
Despeço-me com Rubem Fonseca: "Quanto a mim, o que me mantém vivo é o risco iminente da paixão e seus coadjuvantes, amor, ódio, gozo, misericórdia".


























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